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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Nos alimentamos de nós Mesmos

Esse texto eu escrevi ano passado, e já publiquei no meu outro blog: www.focosustentavel.blogspot.com

É um texto realista, que narra um pouquinho do que é ser ser humano - condição que nos une fisciamente, mas que materialmente nos separa.

Acho um bom texto para a iniciar a nova fase do blog.

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NOS ALIMENTAMOS DE NÓS MESMOS

Somos seres dotados de grande inteligência e complexidade. Porém qual é a nossa essência?

Se nós, seres humanos, somos capazes de cometermos desde atrocidades absurdas, como produzir as coisas mais belas e prazerosas, pode-se dizer que não existe uma essência humana.

Não há nada geneticamente que possa provar o porquê de minhas atitudes divergirem tanto das de Hitler quanto das de Dalai Lama. Porém existe sim, algo que pode explicar semelhanças e diferenças em atitudes mundo a fora: A Cultura.

A partir do momento em que eu nasço, estou aprendendo a realizar todos os tipos de tarefas de acordo com aquilo que observo de meus parentes, que por sua vez estão inclusos em um sistema complexo chamado sociedade. Nessa sociedade em que vivo, ou em qualquer outra sociedade, tudo o que aprendo está de acordo com a cultura vigente.

Existem menos culturas do que existiu um dia. Elas estão em extinção. Todas elas tiveram que adaptar-se ao sistema capitalista, ainda vigente em toda parte do globo terrestre. Sob o domínio da cultura do capital aprendemos desde cedo a sermos os melhores, para não sermos engolidos.

Nascemos com a necessidade da especialização, de “cartas na manga”, “feeling”, de sermos diferentes e melhores, pois os vencedores conseguem tudo. Mas qual é a diferença entre os que estão no topo dessa cadeia alimentar, e os que estão na base? Absolutamente nenhuma.

Não são mais bem dotados, não nascem especiais, nem mais inteligentes, nem mais bonitos. São pessoas normais. A diferença não está no que elas são, mas no que elas possuem de material ao nascer. O resto é só conseqüência do poder do “ter”.

Ter condições, ter acesso a educação de qualidade, ter comida na mesa, ter tempo livre para exercer a criatividade... Os da base estão sempre com a forma negativa antes do verbo. Esses assumem as funções de base, claro. Aquelas insignificantes, as quais as pessoas de cima não se dão conta.

O ócio de uns só é possível a partir do trabalho de outros. A inteligência dos inteligentes depende da ignorância dos ignorantes. Riqueza dos ricos é a pobreza dos pobres. Luxo é miséria. Arte é barbárie. Essa é a verdadeira Antropofagia Pós-Moderna.


Letícia Marques